Perguntas de interesse, onde estão?
- Dulce Ribeiro
- 11 de jan. de 2019
- 2 min de leitura
A força que as redes sociais têm adquirido pode levar a inúmeras reflexões. Muito se fala sobre a falta de presença que o celular traz para quem está constantemente com o aparelho por perto. O chavão é: estamos conectados com o mundo e desconectados com aqueles ao nosso redor. Isso pode ser observado em reuniões, em salas de aula, mesas de restaurante, transporte público, em casa com cada um falando do seu quarto. Todos se conectando a qualquer hora, com muitos likes e shares, emitindo opiniões, se fazendo presente, denunciando, se posicionando, interessando-se pelo que acontece em tempo real. Um fato interessante foi o caso de um cliente que falava por WhatsApp com um colega sem saber que sentava ao seu lado.
O que acontece é que podemos estar perdendo a capacidade e o interesse em dialogar, ouvir, prestar atenção no outro. Há certa impaciência quando se trata de ouvir o que alguém fala. A falta da presença nos tira a possibilidade de observar as reações de quem está na nossa frente, conversando, gesticulando. Como consequência estamos com pouco interesse e vontade de fazer perguntas que possam levar a uma reflexão e, quem sabe, a uma mudança. Às vezes até acontecem, mas podem ser por mera curiosidade.
O ato de perguntar pressupõe uma conexão consigo mesmo. Pessoas que demonstram um genuíno interesse pelo outro estão desapegados de seus egos. Uma das competências que diferencia líderes hoje é, justamente, a demonstração de interesse. Estamos mais acostumados com perguntas para cobrar algo: “por que você não fez”? Ou aquelas que buscam culpados: “quem fez isso”? Ou perguntas de fofoca: “você sabia que ela será demitida”?
Perguntas que ajudam a ampliar a consciência partem da alma e são feitas a partir de relações de confiança: “Conte-me, o que o impede de ir adiante nessa ideia”? Perguntas de interesse afetivo acolhem: “E aí, sua filha está melhor”?
Perguntas valem mais do que respostas. Entretanto, as perguntas brotam em ambientes acolhedores, livres e prontos para o novo. Caso contrário haverá o medo de perguntar. Por que muitos se calam após uma reunião e saem com dúvidas? Medo de ser criticado por não saber algo que deveria, por fazer uma pergunta idiota, por perguntar errado, como se houvesse pergunta para acertar a resposta. Todos estão sempre em uma prova, em um teste diário de conhecimento.
A pergunta precisa de um clima todo especial para acontecer. Ela deve ser colocada com a delicadeza necessária mesmo que seja diretiva. Embaladas em papel de seda, as perguntas levam pessoas a patamares inacreditáveis de transformação. Para isso é preciso presença, foco e embalagem adequada.
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